A importância de se amar
Ao nos relacionarmos, corremos o risco de esperar que nosso parceiro preencha em nós aquilo que nos falta e assim transferimos para ele a responsabilidade sobre todas as nossas realizações. Esquecemos que este parceiro, no entanto, também traz para dentro da relação suas próprias bagagens, incluindo seus lamentos, suas histórias (muitas vezes mal resolvidas), seus desencontros pessoais... Assim, nenhum relacionamento começa, realmente, do zero. Penso que seja esse um grande dilema vivido entre muitos casais.
Fomos criados numa sociedade onde se valoriza muito o material, o concreto, o mundo “externo” e pouco observamos o universo que mora dentro de nós. Passamos décadas de nossas vidas buscando alcançar um modelo perfeito e inatingível, uma versão impossível de nós mesmos. Criticamos cruelmente nossas próprias características, exaltamos as qualidades dos demais e colocamos todos nossos anseios de felicidade sobre possíveis conquistas materiais e nossos relacionamentos. Esta é uma fórmula perigosa e pode gerar dependência afetiva.
Uma vez dependentes, ficamos internamente adormecidos, começamos a perder nossas identidades. A dependência em relação ao outro faz com que entremos em relações afetivas conturbadas, permeadas por muitas inseguranças. Passamos a aceitar relacionamentos vazios, que muitas vezes podem se tornar abusivos.
Se olhássemos para dentro, descobriríamos como somos interessantes! Poderíamos realizar uma viagem incrível através do nosso infindável universo interno, em busca de aperfeiçoamento. E descobrir que temos – por que não? - grandes talentos inexplorados.
Convido você também a abrir uma janela para dentro de si, conhecer-se melhor, aceitar-se e criar para si uma atmosfera onde se sinta atraente e protegido. Um porto seguro, de onde possa então observar melhor a vida e melhorar suas escolhas.
Precisamos ter fé em nós mesmos , acreditar no incrível universo que há dentro de nós, acreditar que nascemos para extrair o melhor dessa vida. Precisamos encontrar coragem para abandonar as relações vazias, os velhos padrões, para nos reinventarmos quando for necessário, sabendo compreender nossas limitações. E saber que dizer adeus, muitas vezes, significa dar boas vindas ao recomeço.
Flor dedicada ao texto: Coreopsis, simboliza Sempre Alegre
Cintia Romênia
Artista plástica, mãe de 2 filhos...