Aromaterapia e Afrodisíacos
Atuando como aromaterapeuta, estou habituada a ser questionada por meus pacientes sobre óleos essenciais afrodisíacos. Sempre respondo que temos, sim, na natureza óleos essenciais que ajudam a estimular o desejo sexual, mas que se não buscarmos e tratarmos a origem do problema, eles não se mostrarão mais eficazes que uma boa taça de vinho tinto - que dependendo do estado emocional de quem bebe, pode despertar relaxamento e desejo ou uma boa sonolência.
No entanto não estamos acostumados ou preparados para nos questionarmos, lidarmos e conversamos sobre disfunções sexuais. É aí que entram em cena as "pílulas mágicas azuis", que agem sem questionar nada... Talvez por isso sejam tão populares. Não chego a ser avessa aos medicamentos - penso que para muitos homens e mulheres cujo problema é de origem realmente física ou para os que não estão prontos para lidar com seus problemas emocionais, os medicamentos são um grande alívio, uma fuga. Mas é FUNDAMENTAL que haja uma exploração da causa psicológica e emocional aqui. As pílulas podem trazer algum alívio pontual, um paraíso artificial temporário, mas não recuperam autoestima, bem-estar, relaxamento e vida sexual plena.
Muitas vezes, problemas de saúde que resistem a diversos tipos de tratamento e parecem não ter solução possuem uma causa emocional latente, enraizada há tanto tempo que dificilmente somos capazes de enxergar esta relação. Na contramão da medicina ocidental tradicional, que compartimentaliza e trata o ser humano em pequenos pedaços, as terapias baseadas em cuidados integrativos levam em consideração toda a vida do paciente, seu histórico de saúde familiar, seus hábitos e rotinas, qualidade dos relacionamentos interpessoais, condições de trabalho, etc. A Aromaterapia atua através do uso de óleos essenciais (substâncias orgânicas, 100% puras e naturais, responsáveis pelo aroma das plantas aromáticas e com comprovada ação terapêutica). Os óleos essenciais possibilitam a restauração da homeostase - o reequilíbrio do eixo psico-neuro-endócrino-imunológico, ou seja, o restabelecimento do equilíbrio entre nosso o corpo físico e nossos estados mental e emocional.
Óleos essenciais como os de ylang-ylang, canela, jasmim e patchouli são popularmente conhecidos por influenciar o apetite sexual. Não se deve, porém, tratar os óleos essenciais como fórmulas mágicas. É extremamente importante o papel de um aromaterapeuta capacitado e interessado em explorar as profundas raízes do problema, já que há um extenso repertório de condições que podem influenciar direta ou indiretamente a impotência e a frigidez, como depressão, exaustão física, síndrome pré-menstrual, menopausa, traumas por histórico de abuso sexual, problemas conjugais preexistentes, culpa relacionada à repressão sexual, etc. Isso faz com que frequentemente o diagnóstico e tratamento de disfunções sexuais não seja tão rápido quanto poderia parecer. O paciente raramente conhece a fonte principal da disfunção e quando a conhece, nem sempre está disposto a revelar ao terapeuta.
Trata-se de um processo de autoconhecimento e auto cura, onde o paciente tem um importante papel em sua evolução - ao contrário do que ocorre normalmente, quando o paciente é colocado numa condição passiva pelo médico, eventualmente sem sequer entender o mecanismo de funcionamento das doenças e dos remédios que está usando. Por isso, esse tratamento exige persistência e dedicação do paciente, e muita seriedade e cumplicidade do profissional envolvido.
Aceitar-se e amar-se são duas atitudes fundamentais para a boa evolução do processo de cura. E, acima de tudo, libertar-se de qualquer sentimento de culpa. Todos somos merecedores de uma vida sexual feliz.
Flor dedicada ao texto: Ylang Ylang, considerada Afrodisíaca.
Tatyana Pinotti
Engenheira Civil por formação, artesã de coração, aromaterapeuta por vocação...