Carente, eu? Não, eu sou amorosa mesmo!

Carente, eu? Não, eu sou amorosa mesmo!

Paula Flório Relacionamento 25/09/2017 (0)

Durante muitos anos, vivi sob o estigma de ser “a carente” – embora eu não me sentisse de fato assim. Obviamente, existiram várias fases da minha vida em que estive carente, mas estar é diferente de ser. Hoje entendo que “carente” foi um rótulo que me colocaram graças ao meu jeito meigo, generoso, atencioso e amoroso... Mas nas minhas primeiras dezenas de anos eu não tinha maturidade emocional suficiente para perceber que não era bem isso. Infelizmente, só muito recentemente, fui entender que eu sou naturalmente amorosa com as pessoas e que isso nada tinha nada a ver com a tal carência. 

Somos ensinados desde pequenos a disfarçar o amor, a empatia, o abraço gratuito e a generosidade para não sermos tidos como carentes ou “pegajosos”. O “cool” é ser “difícil”, já repararam?

Basta conhecermos uma pessoa nova, os disfarces começam. Inconscientemente dissociamos a mente do coração e passamos a agir de acordo com as “regras”. Fazemos economia de frases espontâneas, de elogios e de presentes, receando que sejamos taxados como carentes afetivos ou grudentos. Reparem como os elogios gratuitos são recebidos com desconfiança... A outra parte se amedronta com a espontaneidade por que também foi ensinada a agir assim; assim, passamos a nos relacionar disfarçando os reais sentimentos, arquitetando artimanhas para a conquista e economizando a real expressão do amor. 

Depois que me divorciei, passei muitos anos sozinha. Mergulhei numa reforma de comportamento e, dentre muitas coisas, descobri o quanto era gostoso expressar espontaneamente o que eu sentia pelas diversas pessoas que passavam pela minha vida – novos amigos, vizinhos, amigos das minhas filhas, colegas de trabalho, prestadores de serviço e homens interessados em um possível relacionamento comigo. 

Resgatei a minha real essência amorosa e passei a vivê-la sem medo de ser taxada de “over”.  Passei a dar abraços gratuitos sem ter vergonha, a verbalizar frases amorosas e notei o quanto aquele comportamento gerava uma energia contagiante de amor. 

Esse exercício, inclusive, foi crucial no momento em que finalmente conheci, um tempo depois, o “amor da minha vida”.  O universo me colocou frente a frente com um homem que morria de medo de se expressar. Foram anos de “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”! Foi a minha persistência na amorosidade que o modificou.   

O comportamento amoroso e generoso com todos nada tem a ver com carência. O carente é aquele que é vazio de amor, ou melhor, não encontrou ainda a sua própria fonte de amor, aquela que mora em cada um de nós. Assim, o carente ao invés de dar o amor, ele suga. Esta é a grande diferença. O carente não seleciona, não perde tempo escolhendo... qualquer coisa serve, porque seu vazio é grande e só aumentará com o passar do tempo. O carente tem fome, tem pressa, nunca está satisfeito.

O grande segredo para vivermos melhor está em perdermos o medo de fazer fluir o amor para todos e deixarmos de eleger apenas alguns poucos para recebê-lo.
Se assim fizermos, não haverá mais este desequilíbrio de dar e receber, grande responsável pela “carência afetiva” e por tantas outras doenças da alma que nos rodeiam...

Flor dedicada ao texto: Gerânio Rosa, simboliza delicadeza

Paula Flório

Paulistana, Chef de Cozinha e confeteira vegana. Terapeuta Reiki e ho’oponopono...

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