De quem é a culpa?
De acordo com a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), uma empresa pública federal, em uma pesquisa feita em 2015, o número de divórcios no Brasil, cresceu mais de 160% na última década. Tantos casais se apaixonam, decidem partilhar suas vidas, formam famílias lindas e inesperadamente descobrem que terminou! Mas, não estamos aqui para falar de estatísticas e sim do que pode estar acontecendo entre os casais para que desistam de seu relacionamento e resolvam se divorciar. De quem é a culpa?
Estou falando por experiência própria. Casada a 23 anos, e convicta que meu relacionamento seria ‘’até que a morte os separe’’, um raio caiu entre nós e nos jogou à parte. De quem foi a culpa?
Seguramente, com meu coração partido, em noites sem dormir pensando por um lado em como me vingar e por outro em como convencê-lo de ficar, todas as justificativas que eu encontrava era que ele era um canalha, um irresponsável. Que depois de tantos anos de dedicação como esposa e mãe, ele estava sendo injusto! Buscava com todas as minhas forças uma possibilidade de magoá-lo, porque ele merecia. E quanto mais pensava, mais me debatia, mais sofria. Não conseguia comer, comecei a ter sangramento nasal sem nenhuma razão, fiquei ‘’pele e osso’’.
De quem foi a culpa? Os dias, semanas e meses se passaram e, com todo cuidado e mansidão que Deus vai tratando nossas feridas, fui dando possibilidade D’ele me tirar daquela energia de amargura que estava atolada. A primeira decisão que tomei foi que pararia de sentir pena de mim mesma. A vida não para e eu precisava tocar a minha adiante, aliás, meu ex, já estava totalmente feliz e adaptado ao seu novo momento.
Comecei a retornar à minha rotina normal, mas uma pergunta ainda não havia sido respondida:
De quem foi a culpa? Decidi então que aquela nostalgia e auto piedade, deveriam ser substituídas por um sentimento claro e profundo de honestidade comigo e com meu ex-marido. Precisei ter coragem de vasculhar cada canto de nossas vidas durante 23 anos de convívio. Precisei tirar do meu caminho aquela balança que eu pretendia pesar a culpa, esticar um lindo lençol branco e espalhar sobre ele, todas as coisas boas e ruins para diagnosticar em que momento permitimos que nosso relacionamento começasse a ficar abalado.
Foi uma decisão difícil, mas em pouco tempo, consegui olhar no espelho, dentro dos meus próprios olhos e admitir que estava usando até ali, aquela regra de ‘’Um peso, duas medidas’’. Era conveniente para mim não assumir a minha parte da responsabilidade de contribuir para o final do meu casamento. Sim, com certeza tive a minha parcela de responsabilidade e foi graças à coragem de assumir a minha parte de culpa que consegui me perdoar e perdoar o pai dos meus filhos. Por ter tido coragem de assumir minha parcela de culpa, que consegui voltar a sorrir e correr para recuperar o tempo perdido para ser feliz. E hoje sim, sou feliz. A vida seguiu adiante, conheci outra pessoa, me apaixonei de novo, reconstruí minha vida.
E voltando as estatísticas, infelizmente o número de divórcios aumenta, porque os casais formam uma família, mas no momento das crises, se posicionam com espadas e começam uma grande batalha. Problemas, que são comuns em todo relacionamento e que têm solução, torna-se razão de disputa de força. Os filhos são envolvidos e são motivados a tomar partido. A cada dia fica mais difícil o diálogo; nenhuma parte quer ceder, se dar uma chance. O jeito moderno de vivermos, está interferindo na construção e solidez de relacionamentos.
Portanto, se você está passando por alguma situação parecida, minha dica é: Não busque um culpado. Mude a amargura pelo desejo de ser feliz.
“Guardar raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; é você que se queima.” (Buda)
Flor dedicada ao texto: Copo de Leite, simboliza reconciliação, perdão
Gilda Siqueira
Eu pensava que não era ninguém, mas entendi que para mim eu sou um pouco de tudo, ah! sou sim;