Era da Praticidade
Era da praticidade
Menos luz de velas, mais escuridão.
Encobrindo normas e pudores
em um desespero por preencher vazios e quebrar valores.
Prazer a qualquer custo, em qualquer canto.
Livrando-se da caretice de fantasias e expectativas
e auto privando-se do encanto.
Uma pele a mostra, um perfume agradável,
já são desculpa suficiente pra um relacionamento descartável.
Não é preciso assunto, nem compatibilidade.
A conquista já não exige criatividade.
É tudo fruto e alimento de uma mera vontade,
que sacia parcialmente, distrai momentaneamente,
mas não possui verdade.
Eis a Era da praticidade!
Economizar tempo, desperdiçando a calma.
Desgastar a pele, devastando a alma.
Os sussurros já não tem sentimento,
consistem em ruminar e vomitar frases ultrapassadas,
antes de chegarem a ser, se quer, pensamentos.
Já não há mais a preocupação em se envolver,
nem a necessidade de surpreender.
E quanto aos motivos,
não passam de carências, revoltas
ou falta do que fazer.
E no fim, uma satisfação fingida,
desprovida de essência, sentido e emoção.
E tudo se resume a saliva,
suor, cansaço e decepção.
O lugar, o jeito, a companhia...
Tanto faz!
Movimentos previsíveis,
procedimentos convencionais.
Encerraram as buscas pelo “algo mais”
e restaram apenas fragmentos inúteis
de experiências, limitadamente, superficiais.
Flor dedicada ao texto: Miosótis, representa amor sincero e recordação
Pâmela Carvalho
Redatora publicitária em horário de expediente, amante das palavras em período integral.