Maternidade
Meu bebê ainda não nasceu, mas eu já sou mamãe. São muitas as inseguranças, dúvidas e medos, mas tenho a certeza de que no momento certo essas sensações irão se dissipar. Como meu filho, eu também estou em processo de desenvolvimento e aprendizado constante e preciso respeitar meus limites.
Pela primeira vez meu corpo deixou de ser uma fonte de cobranças e angústias. Ainda controlo meu peso e minha alimentação, mas meu corpo e eu fizemos, finalmente, as pazes. Já não olho para a minha barriga com aquele olhar de julgamento; observo e aceito com admiração meu ventre se expandir a cada dia. Já não me importo com uma gordurinha extra, amo profundamente meu corpo e me sinto abençoada por ele, é simplesmente magnífica a capacidade de adaptação do ser humano.
O relacionamento com minha mãe vem se transformando profundamente ao longo da gestação. A maternidade tem me ajudado a compreender melhor e perdoar as fraquezas de minha mãe e a encarar as minhas próprias fraquezas. Descobri que não serei eu a primeira mãe perfeita da humanidade, que não sei tudo sobre tudo e que preciso de toda a ajuda que puder receber. Embora sempre tenhamos sido muito unidas, minha mãe tem ido muito além do que eu esperava em todos os bons sentidos possíveis. Seja através das demonstrações de carinho, das corujices, das comidinhas especiais, dos longos papos, conselhos e memórias do seu próprio momento de gestante, minha mãe está curtindo a minha gravidez tanto quanto ou talvez até mais que eu. Poder dar aos meus pais e sogros a alegria de serem avós é, para mim, uma das melhores partes de estar grávida.
Sempre me considerei uma mulher “avoada”. Mente acelerada, fala rápida, mil tarefas por dia, me distraio facilmente. Sempre tive um espírito curioso e aventureiro. A gravidez ficou responsável por, finalmente, me enraizar. Brinco que a natalidade me trouxe a descoberta da mortalidade. Frase pesada, eu sei, mas explico: antes de ser mãe, todas as possibilidades estavam abertas para mim. Me sentia livre para ir onde, quando e como quisesse, podia realizar o que quer que eu tivesse vontade de fazer. Não pensava na morte nem na passagem do tempo, me sentia infinita. Mas a maternidade imediatamente consolidou todas as minhas possibilidades – agora eu tenho um caminho definido. Ainda tenho muitas alternativas na vida, mas uma coisa é certa: eu sou mãe e aconteça o que acontecer serei mãe até morrer.
Dentro de mim cresce alguém que não irá precisar se preocupar com a sua própria mortalidade, porque caberá a mim cuidar, me dedicar e me arriscar para que aquela vida tenha acesso a todas as suas possibilidades. Chegará, enfim, o momento em que eu vou me despedir desta vida, mas meus esforços, meu amor e meus ensinamentos viverão através do meu filho e se perpetuarão através destas vidas que ele gerar. E isso me fará infinita novamente. O mágico ciclo da vida.
Às mães do mundo dirijo minha profunda admiração. Piso, humilde e respeitosamente, neste terreno desconhecido. Sou mãe caçulinha, nova no clube, com tudo por aprender. Por enquanto tudo o que sei é amar...
Mas acho que é um bom começo.
Flor dedicada ao texto: Begônia, simboliza felicidade, delicadeza e cordialidade
Tatyana Pinotti
Engenheira Civil por formação, artesã de coração, aromaterapeuta por vocação...