O que acontece no nosso cérebro durante o beijo? Parte 2

O que acontece no nosso cérebro durante o beijo? Parte 2

Dra. Elza Magalhães Silva Esclarecedores 27/02/2018 (0)

Na primeira parte de nosso artigo, abordamos algumas características excitantes do ato de beijar. Sugiro que vocês retornem à parte 1 do tema ‘’O que acontece no nosso cérebro durante o beijo?’’ para acompanharem bem os demais fatores que duas pessoas se expõem ao trocarem um beijo.

Vamos considerar que nem só de beijo vive uma relação. Nenhuma paixão é eterna, por isso a química do beijo muda com o passar do tempo dentro de uma mesma relação. Consequentemente, o amor inicial, em que tudo é energia e vitalidade, vai se dissipando paulatinamente e dá lugar a uma segunda etapa, mais tranquila, menos excitante e mais estável. Esse processo ocorre devido à saturação dos receptores do cérebro onde eles passam a ficar mais refratários à ação dos neurotransmissores liberados durante o beijo. Chega um momento que outra etapa se inicia: a do “estar bem com o outro” e mesmo sem aquela paixão inicial, continuamos na zona de conforto sem grandes emoções, digamos assim: “quimicamente estáveis”.


Nessa segunda etapa outros neurotransmissores estão envolvidos. Ao invés da dopamina e serotonina, aqui temos predomínio da vasopressina e da oxitocina. Aqui o beijo é menos intenso e acontece menos frequentemente, porém, é mais afetuoso e mais estável. Isso ocorre devido à ação desses dois neurotransmissores conhecidos como hormônios da estabilidade e do afeto que também são produzidos continuadamente a partir do estímulo beijoqueiro. Com isso, podemos concluir que beijar é sempre bom, pois, ele é o combustível para uma relação amorosa, independente da fase onde ela esteja.


Outro argumento que justifica a importância do beijo é que existem dados de pesquisa mostrando que quem beija mais vive mais. A explicação para isso é que as modificações que ocorrem no cérebro durante o beijo tem efeito positivo em outros aspectos da vida da pessoa. A dopamina e a serotonina, por exemplo, estabilizam o humor e o sistema imunológico e com isso aqueles que beijam mais tem menos depressão, são mais felizes e adoecem menos.


Por fim, fazendo papel de advogado do diabo, gostaria de deixar aqui uma alerta: Para quem anda por aí beijando a torto e direito, saibam que pelo beijo também dividimos enfermidades. Muitas doenças infectocontagiosas são passadas através da saliva ou gotículas de saliva, tais como gripe H1N1, mononucleose, herpes, caxumba, hepatite, AIDS, e até mesmo cárie dentaria, caso não seja dado a devida atenção à higiene bucal. Vocês sabiam que em cada beijo de 10 segundos trocamos 80 milhões de bactérias com o outro? Não estou com isso querendo jogar um balde de água fria em tudo que disse de bom sobre o beijo. Só estou sendo pragmática mostrando que tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim e cabe a nós, colocarmos na balança e escolher o melhor caminho.


Na minha opinião, em se tratando do beijo, temos muito mais (coisas) pontos positivos do que negativos. Um dos pontos positivos além do prazer, é o exercício muscular que fazemos durante o ato. Portanto, vamos exercitar os músculos da nossa face e que não são poucos. Durante o beijo, usamos pelo menos 29 músculos. Fica aí essa curiosidade, mas não precisa pensar em músculos quando estiverem beijando, pense em coisas mais prazerosas, apenas deixe que os músculos ajam livremente e libere muita dopamina e afins.

Flor dedicada ao texto: Zínia, simboliza afeto.

Dra. Elza Magalhães Silva

Médica neurologista...

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